Perder dinheiro dói?

Você já sentiu que perder dinheiro dói mais do que ganhar?  Essa sensação é comum e tem explicação na psicologia, na neurociência e até na nossa evolução.

Um estudo da University College London, publicado na Journal of Neuroscience, revelou que perder dinheiro ativa no cérebro as mesmas áreas responsáveis pela dor física e pelo medo, como o corpo estriado. A pesquisa, conduzida por Ben Seymour e financiada pelo Wellcome Trust, analisou 24 voluntários durante jogos de apostas com ganhos e perdas reais, usando ressonância magnética funcional para observar a atividade cerebral em tempo real.

Embora já se soubesse que tomamos decisões financeiras com base em recompensas e riscos, o diferencial da pesquisa foi mostrar que a frustração por prejuízo ativa circuitos neurais associados à dor, sugerindo que o cérebro trata a perda financeira como uma ameaça à sobrevivência — algo que evoluiu para nos proteger de perigos.

Essas descobertas ajudam a explicar por que somos tão avessos a perder dinheiro, por que algumas pessoas são mais impulsivas em investimentos e até porque certos indivíduos desenvolvem vício em jogos de aposta.

Aversão à perda: um instinto mais forte que a lógica

O fenômeno tem nome: aversão à perda. Ele foi descrito pelos psicólogos Daniel Kahneman (Prêmio Nobel de Economia) e Amos Tversky, na chamada Teoria da Perspectiva. Essa teoria mostra que:

“As pessoas tendem a sentir duas vezes mais dor ao perder do que prazer ao ganhar a mesma quantia.”

O que acontece no cérebro?

Ativação da dor emocional

Quando perdemos dinheiro, nosso cérebro ativa áreas associadas à dor física e emocional , como a amígdala e o córtex insular . Essas áreas são as mesmas que respondem ao medo e à ameaça.

Ganhos ativam o prazer — mas não tanto

Ganhar dinheiro ativa o sistema de recompensa do cérebro, envolvendo a liberação de dopamina, o neurotransmissor do prazer. Mas esse efeito costuma ser mais passageiro e menos intenso do que a dor de perder.

A evolução explica

Durante a maior parte da história humana, evitar perdas era uma questão de sobrevivência. Perder alimentos, abrigo ou segurança significava um risco  à vida. Já os ganhos extras, embora desejáveis, nem sempre eram essenciais.

Nosso cérebro foi moldado para evitar riscos e perdas e ainda age assim, mesmo que estejamos lidando com investimentos, compras online ou jogando um jogo de tabuleiro.

A dor de perder dinheiro é, de fato, mais forte do que o prazer de ganhar  e isso tem raízes profundas no funcionamento do nosso cérebro e na forma como evoluímos.

Ser curioso por essas explicações nos ajuda a compreender melhor nossos comportamentos e, quem sabe, fazer escolhas mais racionais em um mundo cheio de decisões financeiras.

fonte: publico.pt

 

 

 

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